Carolina Maria de Jesus (1914-1977) foi uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, conhecida por sua obra visceral que documentou a realidade das favelas de São Paulo. Nascida em Sacramento, Minas Gerais, em uma família pobre e afrodescendente, Carolina teve uma educação formal limitada, mas aprendeu a ler e escrever, o que foi crucial para seu futuro como escritora.
Em 1947, mudou-se para a favela do Canindé, em São Paulo, onde trabalhou como catadora de papel para sustentar seus filhos. Foi nesse período que começou a registrar, em diários, as difíceis condições de vida na favela. Seu diário, que narrava com detalhes o cotidiano da pobreza, o racismo e a desigualdade social, foi descoberto pelo jornalista Audálio Dantas em 1958, o que levou à publicação de seu livro mais famoso, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960).
O livro teve um impacto imenso no Brasil e no exterior, sendo traduzido para mais de 13 idiomas. Carolina tornou-se uma das primeiras mulheres negras a ganhar destaque na literatura brasileira, usando sua escrita para dar voz às pessoas marginalizadas e denunciando as injustiças sociais de seu tempo. Embora tenha conquistado algum sucesso, sua vida continuou marcada por dificuldades financeiras, e ela nunca se desvencilhou completamente das condições de pobreza que descreveu tão poderosamente em suas obras.
Além de Quarto de Despejo, Carolina escreveu outras obras, como Casa de Alvenaria e Diário de Bitita, continuando a relatar suas experiências e reflexões sobre a vida dos pobres nas cidades brasileiras. Seu legado é lembrado pela força e autenticidade com que retratou as duras realidades da vida na periferia, tornando-se uma figura essencial na literatura e na luta pela justiça social no Brasil.